LAMENTO
Com as mãos em conchas,
pousou-as sobre o ouvido
para escutar a voz do vento.
Ouviu apenas o lamento
de palavras perdidas,
sofridas, em desalento,
um eco distante,
feito voz de sereia
sussurrando ao vento.
E as palavras queriam
virar poema, mas
a brisa, em silêncio,
dizia que era tempo de se calar.
E os versos ficaram mudos.
E o poeta, tateando no escuro,
sentiu sua inspiração
se esfumar feito bruma.
E ficou a contemplar
palavras nuas que
se dissolviam no ar
qual nuvens de espuma.
Nessa noite,
escura como breu,
o poeta se perdeu.
E palavras tristes, soltas, ao léu,
como estrelas cadentes,
riscaram lágrimas pelo céu...
(poema inspirado no belo poema PALAVRAS AO VENTO, da poetisa HLUNA)