SOLIDÃO DUM PALHAÇO
Sou um palhaço. . .
Um palaço social
Um nascido-Brasil,
Como tantos quantos outros,
Sei de pele o tamanho
Do ardor dos desprovidos.
O deserto social que nasci,
tem endereço e adereços,
Tem nomes
Tem culpados;
O endereço é meu país,
O adereço meus sonhos . . . !
Que sonhos ?
Sonhos que herdei,
De istórias que me tocaram
Os Tímpanos, de Istórias
acríticas, Istórias de coronéis,
De generais. . .
Istórias de homens e mulheres
Sumidos,
Torturados e mortos
Em nome da ordem,
Da ordem de um bando
De mandatários,
Sou palhaço duma ordem. . .
Dum sistema produtivo, econômico
Duma história:
Pensada, Manipulada, Hipocratizada.. .
Esse palhaço parido do tempo,
Padece do mal do século: Isolamento, Descontentamento,
Indignação.
Da ausência do outro
Da solidão, da exploração-capital.
O palhaço Comtemporâneizado
É um buscante,
Um elemento ÁVIDO por respostas
Duma armação que lhe é estranha
Á sua condição de existir.
Sem rastros de respostas plausíveis,
O palhaço do cotidiano
É um refém do seu tempo,
Um relutente da ordem estabelecida
Um profeta do tempo futuro,
Um ser errante
De coração alado.
A solidão do palhaço
Também é um canto,
Um canto de sonho . . .
De convite
De esperança,
Convite à uma sociedade mais equânime,
Esperança NO e DO homem,
É Uma cantiga às liberdades !
Mas, o palhaço cotidiânico não alimenta
Falsos sonhos.
O palhaço social deseja estreiar outros picadeiros,
pois sabe, que aqui e no aqui ---- no reino das explorações---,
do homem pelo homem e, sob a sistemática ditadura do capital, não florecem flores.
O palhaço-social, tem um sonho, comprar passagens sem voltas
Prás teras dos justos, dos harmonizados, dos fraternos,
Quer mais . . ., romper sua solidão-cosmica,
Se encontrar, e se ver refletido no olhar do semelhante que o Comtempla.
O palhaço social não desiste,
Não deserta, Luta, Esbraveja . . .
É um visionário dum tempo do Nunca !
Dimas Cassimiro