Quando Um Cadáver Vi No Inferno

Passeava eu em sombria noite

Pelo Inferno que há ali

A cada rua transversal

À Rua Da Desgraça.

Passeava com Maria Padilha

Dos Sete Infernos pelo Inferno

Sorrindo para toda Maria Padilha

Que passeava dançando.

Perto de dois infernais oceanos

Estremeci ao encontrar Lúcifer

Carregando nos ombros

Um cadáver.

Maria Padilha Dos Sete Infernos

Foi passear com Moloch

Para deixar-me falar com Lúcifer

E aquele cadáver.

“Quem é o cadáver, Lúcifer?”

Perguntei ao meu amigo.

“O cadáver é um leproso imundo

Que tinha cargo político em si

E dinheiro sujo muito roubado

Do povo pobre por si mesmo de vosso mundo.

O cadáver era presidente interino

Do maior país escroto dele mesmo

Do vosso mundo em esgoto

Que para ele mesmo ajoelhava-se.

O cadáver criava águias no esgoto

E foi assassinado nas águas do esgoto

Por tubarões maiores do que o esgoto de

Navios de guerra de toda sorte de um morto.”

Respondeu-me assim o meu

Amigo Lúcifer

Enquanto o cadáver que eu vi

Se tornava todo cadáver que vejo.

Quando um cadáver vi no Inferno

Lembrei-me dos cadáveres todos

Do meu mundo aqui que é este

Mundo de esgoto.

As Marias Padilha deixei

Lúcifer deixei

Quando um cadáver vi no Inferno

Para terrível retornar ao meu túmulo.

Estranho agora tudo retornar

A este meu cadavérico olhar

Que não possui um ramo

Onde possa fixar o seu pomar.

Quando um cadáver vi no Inferno

Eu vi a mim mesmo ali às costas

Do meu amigo Lúcifer

Acumulando todo cadáver que vejo.

Nesta Terra que é um Inferno

Quando vejo um cadáver

Quando me vejo um cadáver

Muito cansado me desespero.

O Inferno fica em mim aqui

É a raiz do meu florestal danar-me

Na certeza obscura inegável

De ser aquele cadáver.

Quando um cadáver vi no Inferno

Lembrei-me que vivos são os ratos

Comendo o lixo da Humanidade

Que é um lixo comestível.

Neste mundo Inferno todo

Muitos Demônios mastigam todos

Os humanos de lixo cadáveres

Nas sinuosas curvas de estradas tenazes.

Viva os ratos do esgoto humano

Todos cadáveres consumidores inatos

De dores tidas como perfumes

De mortes tidas como alegorias!

Quando um cadáver vi no Inferno

Vi os criminosos humanos todos

Pedindo pelo socorro de um

Certo Pai dentro de um certo esgoto.

O Pai do esgoto humano calou-se

Porque o calar de todo esgoto paterno

Admite que paternal apenas

É ser filho do esgoto.

No esgoto cadáveres humanos procriam

Para que outros filhos no esgoto

Nasçam sob os braços de um Pai

Todo de esgoto limo fedorento.

Quando um cadáver vi no Inferno

Vi o meu Satanás Interno chamando-me

Vi o meu Diabo Interno chamando-me

Vi o meu Lúcifer Interno chamando-me.

Meu amigo Lúcifer limpou aquele cadáver

Que vi sendo por ele carregado

E mostrou-me um humano sem esgoto

E sem estar esgotado.

Vi um cadáver humano sem desgraça

No Inferno por onde eu passeava

Pois Lúcifer se encarregara de limpá-lo

Para levá-lo a oculto Vale.

Quando um cadáver vi no Inferno

Satanás segurou a minha mão direita

O Diabo segurou a minha mão esquerda

Lúcifer beijou-me na testa com leveza.

O cadáver humano limpo do esgoto humano

Aparentava ser vivo sorrindo para

Este meu rosto de humano horrível

Caminhante pelo esgoto humano.

Lúcifer ergueu o cadáver que reviveu

Como um cadáver que pelo menos iluminava-se

E tentava não ofuscar os brilhos das

Belas Marias Padilha que lhe desejavam.

Quando um cadáver vi no Inferno

Eu vi a mim mesmo revivido pelo

Meu amigo Lúcifer a sempre limpar-me

Do esgoto de todo dia humano.