Jardins e areias
Acendo o meu cigarro na varanda
Olhando as plantas do jardim que nós fizemos.
Cai a noite e com ela a chuva branda
Mas só floresce tudo aquilo que esquecemos.
Escrevo uma poesia num rascunho
Atrás de um doce do seu beijo que marcou
Todas as folhas que cairam em fim de junho
A cada ano em que você desbrochou.
Já não importa se o verde é a esperança
E estas são coisas que eu já nem percebo mais:
Todas as flores que me trazem sua lembrança,
A sinfonia desvairada dos pardais.
Ái quem me dera se esta chuva aqui agora
Fosse um lamento de tudo que chega ao fim.
Pois quando não é o orvalho, sou eu quem chora
Ao ver se transformar em deserto o meu jardim.