À ESPERA DO SOL
Tantas vezes o poema me desabita
E o verbo foge
Pássaro assustado.
Nuvens pesadas se aglomeram
Expulsando o plano vertical do dia
Empurrando a tarde
Violentamente.
E a hora vespertina se transfoma
Em noite inaugural
De boca aberta
Escancarada
Vomitando assombros
E fantasmas.
O coração, pequenino, se encolhe
Pulsa grave,amedrontado
Não mais a claridade das coisas
Só a recordação da fragrância
Da rosa,apenas desabrochada.
Há uma casa escura em mim
Esperando o sol
O retorno do amanhecer
E de novo o encanto
De uma nova poesia.