À ESPERA DO SOL

Tantas vezes o poema me desabita

E o verbo foge

Pássaro assustado.

Nuvens pesadas se aglomeram

Expulsando o plano vertical do dia

Empurrando a tarde

Violentamente.

E a hora vespertina se transfoma

Em noite inaugural

De boca aberta

Escancarada

Vomitando assombros

E fantasmas.

O coração, pequenino, se encolhe

Pulsa grave,amedrontado

Não mais a claridade das coisas

Só a recordação da fragrância

Da rosa,apenas desabrochada.

Há uma casa escura em mim

Esperando o sol

O retorno do amanhecer

E de novo o encanto

De uma nova poesia.

Quitéria Régia
Enviado por Quitéria Régia em 19/02/2011
Código do texto: T2802277
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