Falando de cavalos.

Bicho-rei, bicho-sei,

fiel estribo das fuligens da alma,

capacho amigo pro que der e vier.

O medo pouco lhe acende,

a traição pouco inflama o seu sangue,

a dor pouco engasga a sua fé.

Bicho-regato, bicho-varanda,

ancas aprumadas pro vento nascer,

aço alinhavando sua pele sem arremates íngremes,

cada fôlego é uma mata que nunca foi untada antes,

nem nunca será.

Sabe a que veio, a que se presta, a que se finca,

conhece sua lida com a sabedoria dos andarilhos sem chão,

sabe o segredo dos homens ao leve roçar na sua pele,

sabe a essência das salivas ao leve gotejar do nosso suor.

Bicho-fronha, bicho-prazer,

nas vértebras da sua alma são penduradas a farra de todos,

está sempre destilado pra compartilhar cachimbos da paixão,

está sempre na espreita de um sorriso, de um abraço, de um afago qualquer.

Bicho-alforria, bicho-mergulho,

talvez a raspa do tacho das artimanhas de Deus,

talvez o bálsamo sem regra, sem engasgo, sem ferida,

talvez a cor, o doce, a nossa estrepolia sem estribo, sem rédea, sem cicatriz.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 19/02/2011
Reeditado em 09/03/2011
Código do texto: T2801226
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