GARGALHAR ATÉ AS MONTANHAS GRITAREM CALA A BOCA.
Alegria é uma tara que nunca para, nunca sara,
um topo que sempre temos, vemos e não cremos,
uma bruxa que carregamos no bolso sem pedir licença pra ela.
Tem tantas caras, tantas alegorias, tantas polias,
cada véu esconde nova rima, novo atalho, novo frangalho,
cada passo diz mais do que sempre teimamos em salivar,
cada armadilha traduz o suor que ainda iremos ejacular.
Conheço muito deste chão, desta fronha, desta faca,
muitas vezes fui presa fácil e outras o caçador mais voraz,
conheço desde sempre esta cena que está ensaiando pra algum dia.
Alegria é poder se ver do jeito que der na telha,
ser capaz de gritar, de correr, de espernear, de parar o jogo,
de desencardir a alma quando o vento disser simplesmente faz.
Alegria é ter no sangue a garra desembestada do ódio
embriagada pela mais suave gota de compaixão que couber nesta vida.
Alegria é brotar do próprio útero as cores que nunca foram arrebatadas, nem apartadas,
é ser capaz de corrigir o certo, destronar o feto, dissecar toda as peles de Deus sem pedir licença.
Alegria é ter as letras nas rédeas que bem entender,
fazendo das palavras o que quiser, sem o menor receio de tropeçar,
de tossir, de sangrar, até de sorrir.
Alegria é poder bater asas pra onde o vento cuspir e, quando acabar o show, olhar pra trás e poder gargalhar até as montanhas gritarem cala a boca.
Alegria é olhar pra trás e poder gargalhar até as montanhas gritarem cala a boca.
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