EM DIREÇÃO AO FUTURO
Procuro
Na tua passividade
E na tua incompreensão
Do meu viver,
Um bom senso, inexistente
E a boa interpretação
Deste meu querer.
Procuro,
Com a linearidade
Da minha conduta
E a determinação absoluta
Do meu esforço,
Que tu me escutes,
E, finalmente, lutes
Contra a direcção
Que a humanidade
Segue, levianamente.
Busco,
Na limitação
Da tua mente,
E da tua alma,
Que me cansa,
A ressonância
Clara e calma
Do meu poema,
E da sua importância.
Não acredito
Na reconstrução
Desta vida,
Na ambiguidade
De certas soluções,
Nem na utopia
De certas promessas.
Sigo em frente
Duvidando de tudo
E de todos.
Suporto a caminhada
Em direcção ao Futuro,
Mesmo não acreditando nele.
Já não espero nada.
Pertenço a este mundo,
Imundo,
Com o corpo presente
E o coração sofrente.
Maria Letra
Porto, 22-06-1988
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