Quietude
Aqui a quietude,
Predecessora da noite,
É só um reflexo
Pálido e sem graça
Da solidão do lugar.
Quase nenhuma
Mobília se vê
E a que está
Queda-se imóvel,
Estática, sem função,
Sem vida.
Até o vento,
Antes furioso,
Com seu chicotear eólico,
Amainou-se.
As janelas tristes
Olham, indagam,
Miram a paisagem
Niilista que nada
Representa.
No céu, uma interrogação,
Uma indecisão climática:
Chuva?
A brancura celeste
Confunde-se
Com as nuvens.
Tudo está calmo,
Parado, quieto.
Uma paz incômoda.
Ao longe alguém
Quebra a monotonia
Ouvindo uma música
Que passa e se vai...
E o lugar permanece
Inalteradamente
Quieto.
(Danclads Lins de Andrade).