Monólogo sobre dois
É... Meu tempo, ando meio adoentado
Coração leve, meio triste, remendado
Ando meio esquecido e sem vontade
Perdido, chutado, sem Ela nessa cidade
Passa o dia, roda a hora, devolve o sol
Eu me lembro dela, do beijinho, do cheirinho de girassol
Mas a tarde acaba, escurece, chega ao fim
Na viola só arranho, nem o “mi” nem o “si”, nem o “dó” teve de mim
Deixo pra trás o que um dia foi de dois
Lembro só da noitinha lá na porta
Da redinha, do seu dengo
Do sossego, da saudade
Que hoje se vive, que hoje corre
No rosto velho, fechado do tempo
É a sobra de ontem
É o tempo que não conta