caderno, caligrafia, amnésia

A fragilidade dos cadernos adolescentes

contornados de poemas mal escritos

sobre dores pequenas e ardidas

Dores que as vezes me doem por não existirem mais

Dores que as vezes me doem por ainda as sentir

Dores, que eu já nem me lembro

O passado, feito porta retrato

brilha em meus olhos tão abstrato quanto o futuro

Há escritos no alemão que eu nunca aprendi

Há calculos que a matemática me escapou

Há poemas, sempre há poemas em todos os lugares

de todos os tempos

Há sempre a caligrafia tortuosa de minha mão

e a certeza de que a dor deixa vestigios

apenas para tornar tudo menos irreal