O DESPREZO.

O desprezo é um vento capenga,

daqueles que vão cariando o nossos sonhos fio após fio,

daqueles que se fingem de morto, mas que conservam suas garras sempre no cio, sempre na mercê do próximo bote.

O desprezo é um sangue encardido que se embebedou da gente e perdeu o rumo de casa,

é um verme que disseca o sol com supimpa alegria, com avantajada alegoria,

é um cuspe que escorreu pelas frestas da razão e se estatelou na nossa alma feito motim das trevas.

O desprezo é um pó que enlouquece a todos,

nos entorna o caldo, nos enferruja as juntas, nos vomita com a ânsia ferina dos que virão salvar seus filhos,

nos esquarteja cada varanda que nos restar até o infinito.

O desprezo é um parto tardio, um arremedo perdido, um entalhe que não se encaixa em nada,

um vil que engasga o coração desafinando e desafiando cada vértebra da nossa fé,

um monstro acéfalo que nos traz ao peito como se quisesse nos fazer dormir,

um engodo que nunca termina seu show, um cabresto podre e encardido de todo suor que pudermos soltar pelos nossos poros,

um fogo que dilacera os tendões da nossa paixão para sempre, para nunca mais.

Um fogo que dilacera os porões da nossa paixão para sempre,

para nunca mais.

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