ESTAÇÃO SAUDADE
"Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto"
(Sá Carneiro)
Há certas noites em que eu viajo
Até a última estação da saudade
Pretendendo encontrar Ainda
Entre os demais estranhos passageiros da lembrança
alguém que me faça saber quem sou eu
Eu me perdi de mim numa dessas viagens
Vagando nos vagões desse trem maldito
E hoje
Vivo completamente aflito
Buscando minha imagem em meio à multidão...
Lembro-me que era ainda uma criança
Quando descuidei de mim e me perdi
Tinha no rosto um "quê" de inocência
Nos olhos o brilho doce da magia
No corpo os adereços da pureza e do sonho
E agora
Sozinho, sem mim, ando tristonho
Não sei viver assim... Quem sabe um dia...
Eu não encontre comigo e novamente
Possa viver feliz dentro de mim?
E na esperança desse reencontro
Todas as noites me preparo pra nova viagem
Compro o bilhete na estação do sonho
Dentro desse trem, cheio de ilusões me ponho
Sigo pelos trilhos do sem fim
Ansioso em busca de mim...
(Irene Cristina dos Santos Costa - Nona Costa, 1999)