Sozinha

Anda na dança que a correnteza emana... A pérola que vira criança... Canta e pronuncia as palavras mais doces... Firmes sonhos.
Sozinha, nasceu... Nasce, a cada instante, enquanto respiro... Viro a plataforma ou os acordes de um passado.
Ouvi, de um amigo querido, certa vez, em um momento seguro... Que a vida tem de ser vivida... Basta fechar os olhos e sentir o vento... Vento que nos fortalece, mesmo com o passar o tempo.
Um cuidado, diário... Um recorte das coisas que dizemos a quem "amamos"...
Diziamos às folhas... Uma filosofia sem volta.
Passeei pelas lacunas de uma morada... Branco rótulo... Brancas cortinas desgarradas das janelas.
"se eu mergulhar, vou morrer de tristeza"... Falava a boca sem correnteza... "Morras, mas viva o sentimento que brota..."...
Mergulhei nas pedras que galguei... Arrastadas correntes e pensamentos seletos... Assim, vivi... Assim, morri.
Parece-me que as linhas entre morrer e viver se perdem... Prendem-se... São o mesmo...
Nascem as flores... Morrem as flores. Do mesmo ângulo e retrato.
Dizemos "não" a todos os atos... Sempre choramos ao nascer, afetados pelo ar que tanto desejaremos ao morrer...
Infinito desgaste em entender...
Sozinha estava a flor na noite encantada... Brotou e morreu na sombra do nascer do dia... Era linda!... Mas, apenas mais uma maria.
Meu amigo travesseiro avisou sem igual... Que eu duraria um dia...
Era uma vez... O embalar do vento nas alças da imaginação.
Um dia, morro... Perde-se o sentido... Avista-se o infinito e mergulha-se em outra história contada.
Sozinhas as folhas dançam... O ar agride os pulmões...
Hoje, choverá ao extremo perfeito, para que eu possa molhar novamente os meus pés no chão.



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