Quem me Dera que eu Fosse o Pó da Estrada

Quem me Dera que eu Fosse o Pó da Estrada

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada

e que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm

e que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio

e tivesse só o céu por cima e a água por baixo. . .

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro

e que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida

olhando para trás de si e tendo pena ...

(Alberto Caeiro - XVIII)

Fernando Pessoa

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Imprimatur Revista Literária
Enviado por Imprimatur Revista Literária em 21/12/2010
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