Quem me Dera que eu Fosse o Pó da Estrada
Quem me Dera que eu Fosse o Pó da Estrada
Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
e que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
e que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
e tivesse só o céu por cima e a água por baixo. . .
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
e que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
olhando para trás de si e tendo pena ...
(Alberto Caeiro - XVIII)
Fernando Pessoa
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