Bravo Guerreiro
Seu moço, me acuda!
Preciso de ajuda,
Estou preso aqui.
Vinha eu, pela trilha,
Não vi a armadilha
E, nela, eu caí.
Se aveche, seu moço,
Que estou pele e osso;
Que assim, vou morrer.
Nem sei quantos dias,
E noites, tão frias,
Que estou sem comer.
Há dias que choro,
Que grito, que imploro,
Que rouco já estou.
Depressa, seu moço!
Tira-me deste fosso
Que minha força, acabou.
Sou estranho, confesso,
Mas um favor, eu te peço:
Socorra-me urgente:
Eu sou de outras terras,
Outros montes, outras serras,
Mas não sou bicho, sou gente.
Que ama, que chora,
Que grita, que implora;
Que também sente dor.
Portanto, me acuda,
Dá-me tua ajuda,
Tira-me agora:
Que, a ti, serei grato,
E falarei deste fato,
Quando for-me embora.
E, por onde eu andar,
De ti vou falar
Com orgulho e emoção.
Que, minha vida salvaste,
Quando dum poço me tiraste,
Como se eu fosse teu irmão.
Tu, és bravo, és forte,
Pois livraste-me da morte,
Que não tardava a chegar.
Por isto, eu te digo,
Que sere teu amigo,
E sempre vou te exaltar.
E quem sabe, algum dia,
Eu tenha a alegria
De te reencontrar.
Quero apertar tua mão,
E um beijo de irmão
Em tua fronte, vou dar!...