ADMIRÁVEL FIM

É nesta terra devoradora de gente

que temos que lutar para viver?

Que labuta! Que suor! Que semente!

Que chôro! É sim, o morrer.

Viver é morrer lentamente,

é brilhar como numa super nova,

é lutar e morrer inultilmente,

é a vida que, de fato, me estorva.

Para terra onde vamos,

não vamos mais ficar atentos,

comamos e morramos

ou morramos de alimentos.

Já vi muitos e os coloquei lá em reza,

em cerimônia solene, mórbida, a tôa,

e a sorte que tanto me despreza

não vê que meu tempo vôa.

E vou na certeza que lutei?

Luto para ficar no mundo dos vivos,

para que eu, já muito o sei,

decomponho-me sem motivos.

Decomponho-me de sonhos,

a terra que devora a minha árdua luta,

que sete palmos vão risonhos

e ainda vigiam a minha conduta.

Não vou adentrar neste ensaio,

espero a receita da eternidade,

detesto a idéia de estar num balaio

a sete palmos de profundidade.

Terra que ao homem devora,

morte de preto que brande a foice:

Ainda não é chegada a minha hora

ainda não escureceu, ainda não é noite!

Não sei se será a esta altura

ou se meu corpo vai aos cento e vinte

ao me chamar um dia a sepultura,

acredito que sou mais um seguinte.

Mas na relatividade do tempo,

se o hoje é o ontem do futuro,

desconheço uma fração de pensamento,

que de tudo eu não tenha sido puro.

Direi adeus a terra e aos desafetos,

porque sei que um lindo dia,

todos os que me amam de corações abertos

me reencontrarão com alegria.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 11/12/2010
Reeditado em 01/07/2014
Código do texto: T2665140
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