Poeta, eu?

Chamaram-me poeta.

Isso sei que não sou.

O poeta tem fala nem sempre clara;

Rima pobre, rica, preciosa e rara.

Sua poesia tem métrica constante;

Tem ritmo e sonoridade;

E sua escrita não é dissonante.

Ele escreve sonetos e epopéias,

Com rimas interpoladas,

Ou mesmo emparelhadas.

Poeta definitivamente não sou.

Eu não faço poesia.

Quando muito, é ela quem se faz em mim.

A rima, que me escapa,

É quase sempre mista ou misturada.

E, brancos são os versos,

Que brotam no meu papel.

Entre poeta, profeta e trovador,

Estou mais para um navegante,

Tal como um sonhador e admirador,

Que no curso do mar da vida,

Em meio a alegrias, tristezas e feridas,

Algumas vezes emprega a atenção

E consegue em palavras esboçar,

A realidade nem sempre percebida,

Porém, não de todo escondida,

Da ponta do iceberg,

Que é a inspiração.

Frei Michel da Cruz
Enviado por Frei Michel da Cruz em 09/12/2010
Reeditado em 25/11/2018
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