Poeta, eu?
Chamaram-me poeta.
Isso sei que não sou.
O poeta tem fala nem sempre clara;
Rima pobre, rica, preciosa e rara.
Sua poesia tem métrica constante;
Tem ritmo e sonoridade;
E sua escrita não é dissonante.
Ele escreve sonetos e epopéias,
Com rimas interpoladas,
Ou mesmo emparelhadas.
Poeta definitivamente não sou.
Eu não faço poesia.
Quando muito, é ela quem se faz em mim.
A rima, que me escapa,
É quase sempre mista ou misturada.
E, brancos são os versos,
Que brotam no meu papel.
Entre poeta, profeta e trovador,
Estou mais para um navegante,
Tal como um sonhador e admirador,
Que no curso do mar da vida,
Em meio a alegrias, tristezas e feridas,
Algumas vezes emprega a atenção
E consegue em palavras esboçar,
A realidade nem sempre percebida,
Porém, não de todo escondida,
Da ponta do iceberg,
Que é a inspiração.