No Silêncio da Madrugada
Ao silêncio amigo da madrugada me entrego,
Quando todos se calam, descansam e dormem...
Vou dedilhando ao piano toda minha angustia.
Esse amor louco, a vontade desse homem...
Já não é amor, é doença, pura demência.
Na madrugada deixo que as lágrimas
Banhem meu rosto e o grito de amor
Engulo seco, peito aberto em chagas...
Ah... covardia idiota, até quando serei cativa?
Pedaço de mim, fantoche do destino, escrava...
Até quando suportarei do vulcão, a labareda?
Seguir sendo nada, minha própria madrasta...
Ele é meu dia, minha noite, minha alma,
É senhor do meu corpo, do meu sangue.
Meu segredo mais lindo, cruel, assassino...
Que nega o calor, a felicidade desse instante.
No silêncio da madrugada, fantasio seu toque,
Sorvo em seus lábios o champanhe mais fino.
Rasgo a partitura maldita, me atiro na cama,
E no sonho o tenho entre os lençóis de linho...
Mary Trujillo
06.12.2004