prefiro a vossa leitura
olha eu aqui, mãe,
no topo do mundo!
o melhor entre os poetas
eu não te disse, mãe,
que um dia eu chegava?
e agora, mãe, fazer o quê?
já tudo perdeu a graça
daqui pra frente só anticlímax
ai, que saudade de quando eu era
só aquele piá descalço
deslizando nas geadas
roubando mimosa da dona tuta
cavando montes de areia de construção
catando goiaba no terreno baldio
do lado da casa dos polacos
bebendo a garapa do seu zé
os banhos de chuva escondidos
por que, a senhora lembra?: "não pode, meu filho"
tanta coisa, mãe
que nem aguento lembrar
como aquele poeminha
sem forma, sem rima
sem nada
que um dia eu mostrei
e a senhora riu e eu ri
e que não precisava de nota nenhuma