Definir para que?

Como definir-se o átomo que compõe certo elemento, quando o elemento está em constante transformação? Como se definiria a grama que não enfeita mais o pasto e que faz parte do bolo alimentar do animal que retira dela o que lhe convém para mandar embora o que não é útil?

Da mesma forma quem ousaria definir-se com segurança, que consciência o que conseguiria, se a grande certeza que parece ter é que tudo é incerto? E que todas as verdades parecem apenas durar dias, décadas ou no máximo séculos.

A busca por conhecer parece apenas levar o ser pensante a ter a certeza de que sempre terá tanto a desvendar, mas que cada descoberta o torna mais consciente de que sua sabedoria é de fato um ponto no Universo sem fim. Algo muito pequeno, mas que tem a grande vantagem de libertar.

Libertar da pretensa ilusão de saber muito, de saber mais que o outro ser pensante, cuja consciência está numa outra faixa do espaço-tempo. Pobre ser que contempla alguns passos a adiante do seu amigo de jornada numa direção que julga a correta.

Mas se a direção não for a correta como pensava ser, o atrasado torna-se adiantado, por ter menos caminho a retornar. O pecador torna-se virtuoso. O ignorante sábio.

Como definir-se o ser que ainda não escolheu o que deseja ser? Que ainda tem medo de ser?

Como definir-se? Para que definir-se se o mais importante é ser?

Qual a utilidade de perder tempo com palavras se a cada dia a consciência muda, evolui, tem a possibilidade de ter mais consciência e ser tudo aquilo que naquele instante é o que vai atrair mais benefícios para o viajante eterno em busca de realmente ser?