DEPOIMENTO DO POETA À POESIA
A poesia não é só
o que diz etimologicamente o Aurélio.
É muito mais... inclui-se nela o vislumbre
da concretude aos mistérios.
São todas as formas que tem o poeta de dizer:
– da vida, do mundo e dos acontecimentos.
Pois é pela agudeza do espírito poético
que a poesia vai nascer:
– seja do feio ou do belo;
– do nascer ou morrer;
– da razão ou emoção;
– da descrença e do crer.
É a tradução do ser e do ser-não.
Porque é na polifonia dos versos
que se manifesta o poeta em sua métrica;
pois é com licença e autonomia
que dá forma à poesia – sem tergiversar.
Porém, é a poesia inquieta, esperta, de letras quietas –
que denuncia e alerta pelas rimas ou versos brancos.
Por isso provoca o êxtase dos humanos quando mexe com os seus sentidos...
Porque entende o poeta ser a palavra
a forma de expressão, – do forte e do oprimido;
do grito preso na garganta; ou grito exprimido.
Afinal, a identidade poética
define-se pela pena que escreve os versos
grifados no papel, numa tábua, numa pedra,
ou como fez Anchieta escrevendo na areia da praia, deste chão.
Ou ainda, no envolver de canções, no cantar da passarada, no som das cachoeiras, no contínuo movimento das ondas do mar, e do vento que nos envolve.
É o poema expresso que expressa a poesia.
A ela o meu depoimento.
Sou eu fundido nela, sou um ser...
sou dela; ela é minha.
Ela me conhece; eu a conheço.
Ela mora no oceano da inspiração.
A inspiração está dentro de mim.
Ela dorme e acorda comigo.
Somos sempre amigos.
Ela é da noite ou do dia.
Ela é do eterno instante...
Ela é o que é.
É Poesia.
Composta pelo autor em
25/07/2006