ALÉM DO CREPÚSCULO

A tarde corre pra noite;

noite de esplendor.

Da janela eu olho a imensidão...

e não vejo o céu azul;

vejo estrelas cintilantes...

vejo a lua prateada;

ao lado de minha Simone-amada,

vejo o Cruzeiro do Sul.

De repente volto ao divã;

e o vento, depressa, pela fresta da janela, invade...

fora do nosso abraço – o espaço

onde se encontra – eu e você.

Juntos... vivemos o nosso amor, no agora...

ao deslizar dos nossos corpos o perfume –

que vai com o vento... sem ciúmes,

para além da aurora!

Lá fora... vai indo o vento norte... – e frio!...

enquanto passarinhos aquecem-se nos seus ninhos...

Porque aqui no nosso cantinho, o canto que ressoa...

não é um rítmico ritual, eu diria. É melódico

o som que pela fresta da janela se compõe,

isto é, – é a festa do vento ao amor – nosso amor,–

em suave har-mo-nia.

Agora! algum tempo depois –

ouço a chuva que cai...

nua e fria...– e faz torrentes...

enquanto a noite se esvai,

e emudecida, lá fora, – traz:

um cheiro de chão...

Mas nas vidraças do nosso apartamento,

as gotas fazem canção!

Lá na sala, na tela, a notícia –

da meteorologia – a previsão... –

de um tempo que ainda não veio,

pode vir, na contramão (?).

Mas as nuvens que ora choram do céu...

não revelam de si tristeza.

Elas liberam à terra o orvalho,

dando às plantas – saúde e beleza!

E, afinal, se no divã adormeço,

um sonho, sim, eu sei –

que a relva sobre o jardim,

desperta a flor... que te darei!

À Simone,

maravilhosa esposa!

Homenagem do autor companheiro.

Em julho de 2006

Uilson
Enviado por Uilson em 13/11/2010
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