O VENTO

O vento vem por entre caminhos

e fora dos caminhos.

Vai seguindo suas viagens...

Ele anda por onde quer como quer –

nos meus e nos seus caminhos.

Ele vai sobre o asfalto;

vai por entre as palmeiras;

mexe comigo na rede;

levanta as páginas do livro,

e toca-me o meu corpo... o seu corpo...

Ele sopra onde quer, quando quer.

Gosta de vadiar e por isso não pára...

Sempre vai indo...

e nem sei quando está vindo...

O vindo pode ser indo.

Por isso até posso dizer que,

ele está vindo-indo... ou indo-vindo...

Uma coisa ou outra, ou as duas.

Nunca se sabe ao certo.

Mas o seu toque pode ser musical...

melodia que não sei discernir.

Cuido que os meus ouvidos não suportariam –

o fulgor de suas notas.

Mas quando alguém está perto;

ou quando alguém está distante,

o vento se faz de todos.

Todos tem o vento,

enquanto a vida tem.

O vento é de todos;

mas aos mortos não o convém.

Ele anda e anda até em ondas,

e faz bravo o balanço do mar.

Sabe das nossas lamúrias;

das nossas alegrias;

das nossas incertezas;

das nossas certezas (?).

Mas o vento se comporta sem leva-e-traz.

Nada fala (ou fala?); tudo escuta...

Esparge vozes e ruídos

em sua musicalidade...

e nos traz do seu favor – o frescor –

que me acalma ao sol do meio dia.

Não posso impedi-lo de ir-e-vir,

e, ai de mim! sem o seu deslizar...

Desliza sobre as águas do mar e do rio

num canto que é só seu;

segue para todas as bandas –

dentro e fora da embarcação –

com ou sem tripulantes.

Às vezes fica zangado!

e o chamam de ciclone.

Mas, se tu não sabes,

de uma coisa eu sei:

tudo que não é pensamento,

vem e vai...

ou está ao vento!...

Composta pelo autor em 2005

Uilson
Enviado por Uilson em 10/11/2010
Reeditado em 10/11/2010
Código do texto: T2607692