No Bar do Seu Rodrigo
No bar do seu Rodrigo,
Não vou mais pedir fiado.
Ele diz que é meu amigo,
Mas de mim, cobra dobrado.
Usa de falsa amizade,
Porém a pura realidade,
É que por ele sou enganado.
Pois se peço uma cerveja,
Ele anota duas, ou três,
E me manda na bandeja,
Como se eu fosse burguês.
Mas, por essa mordomia,
Mui caríssimo me saía,
Quando findava o mês.
Ele pensa que é sabido,
Me fazendo de otário.
Esse golpe é conhecido,
E praticado por falsário.
Já estou me pondo bravo,
Pois ele anda de conchavo
Com um tal de Olegário.
Ainda ontem, o Rodrigo,
Quase me tira do sério,
Ia pôr na conta desse amigo,
Um pedido do Silvério,
E, se eu não fosse esperto,
Anotaria para mim, por certo,
A despesa do Rogério.
Mas em breve, eu garanto,
Que ele vai ter uma surpresa.
Ao olhar para aquele canto
E ver vazia a minha mesa.
E quando ele perceber,
Que não mais irá me ver,
Sentirá muita tristeza.
Mas não por minha ausência,
Ou porque eu sou festeiro.
Mas, pela falta e carência,
Que vai fazer-lhe o meu dinheiro.
Quando chegar os cobradores,
E todos os outros credores,
E importuná-lo o dia inteiro.
Quem sabe assim ele aprenda
Essa lição de uma vez.
E, até se arrependa,
Das coisas ruins que já fez,
E tenha enfim dignidade,
E haja com honestidade,
Para não perder mais freguês!...