No Bar do Seu Rodrigo

No bar do seu Rodrigo,

Não vou mais pedir fiado.

Ele diz que é meu amigo,

Mas de mim, cobra dobrado.

Usa de falsa amizade,

Porém a pura realidade,

É que por ele sou enganado.

Pois se peço uma cerveja,

Ele anota duas, ou três,

E me manda na bandeja,

Como se eu fosse burguês.

Mas, por essa mordomia,

Mui caríssimo me saía,

Quando findava o mês.

Ele pensa que é sabido,

Me fazendo de otário.

Esse golpe é conhecido,

E praticado por falsário.

Já estou me pondo bravo,

Pois ele anda de conchavo

Com um tal de Olegário.

Ainda ontem, o Rodrigo,

Quase me tira do sério,

Ia pôr na conta desse amigo,

Um pedido do Silvério,

E, se eu não fosse esperto,

Anotaria para mim, por certo,

A despesa do Rogério.

Mas em breve, eu garanto,

Que ele vai ter uma surpresa.

Ao olhar para aquele canto

E ver vazia a minha mesa.

E quando ele perceber,

Que não mais irá me ver,

Sentirá muita tristeza.

Mas não por minha ausência,

Ou porque eu sou festeiro.

Mas, pela falta e carência,

Que vai fazer-lhe o meu dinheiro.

Quando chegar os cobradores,

E todos os outros credores,

E importuná-lo o dia inteiro.

Quem sabe assim ele aprenda

Essa lição de uma vez.

E, até se arrependa,

Das coisas ruins que já fez,

E tenha enfim dignidade,

E haja com honestidade,

Para não perder mais freguês!...

Roberto Jun
Enviado por Roberto Jun em 10/11/2010
Reeditado em 04/06/2014
Código do texto: T2607074
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