DUPLA FACE
Nosso país onde a graça,
muitas vezes, se torna uma desgraça,
é o espaço continental de muitos “Brasis”.
Nele não há negros nem brancos.
Somos o resultado de muitas etnias.
Nele há uns poucos que formam uma elite –
que de boba não tem nada; ela é muito pensante!
Chama-nos de “massa” ou “povão”.
Ela diz que a nossa graça é o carnaval; é o remelexo; é o futebol.
Mas de uma coisa estou certo:
Ela esgota nossos músculos, deixa os infantes à mercê –
nas ruas, nos bairros, nas cidades, na contradição.
Falta-nos saúde, falta muita coisa, falta educação.
Discursa-se sobre o desenvolvimento, ciência e tecnologia.
Faz-se o “planejamento familiar” – e do outro lado, o aborto, fora da criminologia.
Esta é uma geração com sistema; e no seu lema esconde ilusões. E, a elite, os bilhões?
Gerações são transviadas, muita gente desamparada,
em busca de um pedaço de pão.
Quando se levanta um movimento popular, com razão,
o turbilhão vem de lá, como se o povo fosse o ladrão.
Bate-se no povo, o povo bate-se em retirada, e arrancam-se flores do chão.
Essa elite quer, cada vez mais, o poder em suas mãos,
e, a cada quatro anos, só pensa – em eleição.
Não faz o mundo girar e, desanda a roda com suas mãos.
Ela também vive o conflito, porque do grito do povo, ecoa a pressão.
Fala-se muito na força do capital, - “pecado mortal” da nação.
E diz que ao povo, basta o mínimo de ganho; e, a ela, não.
Quer que o povo coma as raízes, mas, a posse da terra, não.
Quer os “mandatários” que os “Sem-Terra” – fiquem com os pés-fora-do-chão – sentados nos bancos dos réus, por conta de um pedaço de chão.
É verdade que o povo, anda na contramão, porque a elite tem na face, o poder – o poder de dizer não.
O povo tem a face-oculta, mergulhada no culto-do-não.
“Salve-nos, Deus! Irmãos!”.
Composto em 2006