QUASE... Uma amiga tocou a campainha na hora H

QUASE...

Uma amiga tocou a campainha na hora H

Sentado no parapeito do sétimo andar.

Vejo luzes

Vejo formas

Vejo pessoas conversando...

Pessoas voltando para casa...

Um gole de pinga.

Um trago de vinho chique...

Sentado no para-peito do sétimo andar

Musica alta...

Som alto...

Batidas no peito

Lagrimas nos olhos.

Penso como seria a dor da lâmina...

A pouco estava a rir

A lutar

A chutar e

A socar

Meu alvo?

O passado

A vida

A família

E a Deus que sentado no seu trono dourado me deixou existir.

Penso como seria o rio vermelho

A jorrar no ritmo de um coração que começa a parar...

São as luzes...

Os devaneios...

São as laminas que brilham

A covardia de apenas querer fazer...

Penso como seria dormir e ao mesmo tempo saltar

Tomar álcool

Tomar anfetaminas...

Tomar sedativos...

Álcool e apenas pular...

Sentir o ar bater no rosto para morte assim como um dia a luz bateu em minha face para a vida.

Sentado no parapeito do sétimo andar.

Vontade de voar.

Por que existir?

Por que sonhar?

Vejo relações apenas existidas...

Vejo amores apenas ensaiados

Vejo uma vida vazia...

Sem amor.

Sem paixão

Quero apenas ser sem vida

Vejo pessoas boas que partiram

Vejo seus sorrisos.

Vejo sua alegria que contagia...

Como partem os trens numa estação qualquer

Tem um motivo uma meta

Mas nem sempre resolvida...

Vejo o amor ebulir...

Vejo-o evaporar...

Queria sentir...

Queria saber o que é novamente amar.

Queria ser a água para o chá.

Que transforma a morte seca e fria e suave aroma e sabor...

Um riso vermelho?

Quero ver.

Belo.

Em ordem

Resolvido e frio

Um vôo pára o infinito quero fazer

Vento na face quer sentir

Dor cortante no pulso...

Ou seria um alivio numa alma que não devia existir?

Queria ter coragem. ...

Um dia terei...

Queria ser um beato que acredita em céu e inferno

Um inferno melhor que a existência de um verme.

Seria daí um inocente tirado num aborto

O meu silencio fala em minha alma...

Infelizmente a minha doutrina fala alto...

Acredito numa vida pós esta.

Acredito numa paga

Num preço.

Numa barganha com o Velho barbado.

Bebo...

Derramo

Choro

Queria

Será?

André Zanarella 07-04-2008