INFÂNCIA
Que infância! Que lembrança!
Que idioma! Que mistura!
A juventude, uma criança,
vontade de fazer loucura.
No oriente, as tamareiras,
no ocidente, os coqueirais
no sitio da avó, as laranjeiras,
na Bahará, os ancestrais.
Arrebentando o estilingue
ao atirar no beija-flor
na minha boca de bilingue
ahavá era o amor.
Eram tempos ditosos,
não me afetava a ditadura
os meus avós já bem idosos
não lhes poupava minha travessura.
Eu tinha o meu chapeu de palha
posto sobre a minha kipá
na mente o campo de batalha
uma faca a laranja a descascar.
Na frente o pomar de laranjeira
em volta o campo, a natureza,
gostei mais que a tamareira
quando vi de perto a tua beleza.
A minha infância querida
que dela ainda me lembro bem
tive alegria, tive ferida,
no sítio eu a tive mais de cem.
Duas luas, dois pontos cardeais,
sentir o mato e as campinas
no peito a voz dos ancestrais
do meu lado vejo as três meninas.
(YEHORAM)