ENCONTRO COM A POESIA
Não evidencie certeza de que não tem o dom da poesia.
Consideres-te como um porto seguro, e exprime-te sobre as ondas.
Direciones o sentido da vela de tua embarcação, para que o oculto não baste em si mesmo.
Sinta-se em sí a beleza do horizonte... e observe o nascer e o por-do-sol... bem como sua trajetória da aurora ao crepúsculo do ocaso.
E não se desespere com a escuridão da noite que virá.
Na noite há estrelas reluzentes... e a demanda do teu existir, pode invadir o oceano da inspiração.
Mergulha-te nele e descobre o mistério do reino das palavras. É dele que emerge significados infindos.
Concebes ou não o que há da tua cálida alma ou de indigestas expressões que contagiam os humanos.
Faze isto ao fulgor da luz; e não te esqueças que a sombra é passageira, e não dura muito tempo.
Propoe-te a perceber o teu exprimir e não o codifiques na areia!
Ainda que demores, está escondido nos signos das palavras.
Isto quem afirma não sou eu.
Eu nada sei; nem posso justificar a razão humana de existir.
Desperto, apenas, dos meus sentimentos, a coerência do ser-poeta e da poesia.
Porque é ela que prediz toda eloquência, e se expressa como a beleza da aurora que vem-vindo... até ser dia perfeito.
Em tudo por tudo há valores insondáveis expressos em toda natureza,
que sempre nos traduz seu estado de ser, de bravura ou de brandura.
Mesmo quando o vômito-fogo da entranha da terra entra em ebulição, aos olhos do poeta trata-se de um espetáculo do mundo real.
Também não se furta ao seu olhar, o vislumbre do colorido arco-íris;
Não fica por menos os toques do sutil beija-flor;
Os sons de águas caudalosas;
E até nas surpreendentes expressões das caricaturas humanas.
Em todos os detalhes da vida, estão os significados de um mundo-além-da-nossa-imaginação.
Aí, então, é que damos as mãos, eu e você, poesia e poeta.
Em comum andamos juntos... juntos estamos porque nos conhecemos, sempre, sempre...!
Em 01/08/1990