UMA VIDA SEM LUGAR
As vezes eu fico a pensar
na vida e no seu motivo,
se ela pode se enganar
ou se a morte manda aviso
se pode a noite se calar.
Se as estrelas não vão brilhar
como uma saudação dos céus,
se a cachoeira não vai jorrar,
cavalheiros e seus chapéus
para uma dama cortejar.
O herói com o seu braço forte
não tem mais poder de salvar
mesmo se está diante da morte,
criam leis para nos matar
tiram as chances da nossa sorte.
Quando penso no cavaleiro
montado no seu cavalo
outrora era um guerreiro
no fim do dia, o intervalo,
ele volta ao cativeiro.
Penso ainda nos meus amores
no prazer proporcionado
o antigo que enviava flores
era o sinal de apaixonado
de princípios e valores.
Mas quem é que pensa em mim,
nas minhas tristes mazelas
ou naqueles cujos seus fins
terminam em tristes favelas
ou até dormindo em capins?
Tenho medo de olhar o futuro,
e me ver andando por lá,
na minha frente tem tanto escuro
não verei mais o sabiá
nem mais um fruto maduro
para se justificar.
A crise não é privilégio
é uma realidade global
chamam o justo de sacrilégio
fazem apologia do mal
aprendem isso no colégio.
Eles não sabem a diferença
da direita para esquerda
para me enganar pedem licença
e contamos com a perda
já recebemos esta sentença.
É o mundo, a confusão,
que me rouba o pensamento
mas eu vejo com o coração
que me dá discernimento
para ouvir uma canção
com alma e sentimento.
Penso ainda na esperança
é a irmã da mnha fé,
aprendi desde criança
apesar desta maré
ponho em ti a confiança.
Se eu não parar de pensar
não acabará a poesia
tantos versos a versejar
tanta politica e mania
de um país a transformar,
de uma vida sem lugar.
(YEHORAM)