O VACILO DA FÉ
Por que nos criastes barro,
sem força de vontade,
nos chamastes de teu jarro,
fizeste-nos cheios de vaidade?
Por que me impusestes a tua lei
e tantas atrações opostas a ela,
o desejo do mal que farei,
a mulher que eu vi desta janela?
Por que me mandas rezar,
se nunca me atendes quando preciso,
um joelho me destes para dobrar,
mas de manhã não sinto o motivo?
Por que me fizestes ético/moral,
mas me destes sangue quente
um atributo imortal
se santidade não é coisa da gente?
Por que fizestes a paciência
mas permites que existam políticos
e me exiges tal penitência,
para suportar esses malditos?
Por que me fizestes humano,
quando, na verdade, deveriamos ser divinos,
ou pertencermos a qualquer outro plano,
menos mortais meninos?
Por que criastes a igualdade,
se na verdade, somos tão diferentes,
se o que move a sociedade
são as ambições mais latentes?
Por que nos deixas sozinhos,
se sabes que a natureza é humana
que trilha seus próprios caminhos
e de seus erros se ufana?
Por que, sendo tu a vida,
criastes para nós a frieza da morte,
e a dúvida em nós contida
é sobre o nosso destino e a nossa sorte?
(YEHORAM)