*ANTAGONISMO

O dia surge, um olhar que deslumbra
Sol abraçando o mundo em claridade
Treva sugando a noite na penumbra
Duas forças opostas, liberdade

Molhando a terra a chuva condoída
Levando ao solo pranto que afaga
Suspira a semente grão rogando vida
No mesmo lema escassez e fraga

Definha a vida a flor pálida e triste
A sede cobre a pétala que murchou
Na lágrima faltou pranto, que acinte
Canta a natureza alento não soprou

Olhando a janela, o coração aflito
Descubro no dilema obra e criação
O vento vem soprando, rir. Insisto
Quão sublime o mistério extensão

No espelho o rosto triste dos invernos
Dos verões, outonos, quimera amiúde
Roubados dos anos, rios primaveras
Que contraste Deus, vida e ataúde

Horas sou chão firme, forte, poema
Noutras, solidão companhia ativa
Às vezes, serenidade que amena
Horas furacão farejando, viva

De repente o amor correu liberto
Que faço das correntes no porão!
Perdi o tino, no rastro só deserto
Atônitos, errantes, amor e coração
                                 sonianogueira


Poesia que ganhou, Honra ao Mérito
na "Academia Machadense de Letras" - MG
08/09/2010

Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 01/10/2010
Reeditado em 01/10/2010
Código do texto: T2531901
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