Eu quero poder falar de estrelas,
Sem ofuscar outros céus.
Quero seguir caminhos,
sem fechar estradas.
Falar de mar,
sem abrir desertos.

O meu tempo é curto.
Não quero obstruir o tempo e o espaço que me restam,
fechando caminhos,
Mas, sim, abrindo veredas, criando possibilidades
de navegar, em céu aberto,
mesmo que o mar não se acalme.

Eu quero falar de histórias que não fazem chorar.
Falar de sorrisos, a se abrir,
como chuva de verão, sobre as plantações.
Falar de verdade, como rosas cálidas,
a enfeitar jardins,
sem ter que calar palavras.

Quero, entretanto, compreender silêncios.
Embrenhar-me em sua linguagem
e, em repeito, acatá-los.

Quero mesmo é cantar o meu canto,
sorrir o meu sorriso,
chorar a minha dor, se preciso for,
e, compreendida, prosseguir no caminhar.

Não almejo ser ouvida com aplausos.
Tão somente com sinceridade.
Sincera e sem medos quero ser.
Seguir, sempre o caminho da Verdade.
Só esta linguagem pode o meu coração compreender.

Porque, eu já quis ser águia
Hoje sei que apenas sou passarinho,
que canta, solitário, sobre o telhado,
quando árvore já não consegue encontrar.
Eu já quis ser sol
Hoje, apenas raiozinho, tentando
penetrar, devagarinho, em cada coração,
fazendo-os sonhar.

Eu já quis voar, bem alto
Hoje, quero, segura, andar.
Poder, ainda, pisar na grama macia
e flores, florestas e animais contemplar.

Porque, o que euquis, não pude
ou custou-me encontrar.
Hoje, peregrinas que sou,
basta-me caminhar e conservar,
aqui, dentro do peito, a certeza de que,
um dia, voltarei ao meu lugar,
que me espera
e que, em saudades,
está, sempre, em mim, a se revelar.
Otelice Soares
Enviado por Otelice Soares em 25/09/2010
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