Farsa de viver

O morto finge não viver

Empresta o corpo à dor alheia

Não lhe dão olhos, sangue latente na veia

Nascido, vivido, mas cansou de morrer

Eu transeunte fito o epitáfio grosseiro

Morrer fingido, mas que tamanha besteira

Agora é tarde, arrepender-se nem que queira

Tamanha mentira , incidente fez-se verdadeiro

Viro-me de costas ao jazigo, sigo em frente

Pobre morto, brincadeira sem graça

Enganou a tantos na morte friamente

Restou eu, vivendo esta farsa