EMENDA

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

A facilidade com que a felicidade se par-

te deixa-me insegura,

mas não me deixa medrosa!

Acaba de entornar-se o que vou chamar de leite

com que eu contava

para me alimentar à tarde,

mas, na verdade, é uma metáfora.

Desfez-se foi a oportunidade

do que seria um deleite...

Desconcertada, enxugo o chão, enxáguo as mãos,

ponho à larga o coração

e aviso que vou caminhar até onde der

o meu corpo de mulher...

É muito macaco pra pouca banana,

quem me falta não me engana!

Não sou mais vingativa, conscientizei-me,

consegui me convencer

de que vingança tem fruto amargo...

Dona Judite contava o caso

de uma mulher que dizia que Deus vinga mas demora,

por isso ela mesma ia fazer o serviço! Tinha pressa!...

Eu achava engraçado, e ria...

Ao menos minha ingenuidade não deixou saudade.

Preciso de um contador de anedotas!...

Até umas histórias idiotas podem desatar sorrisos

na hora dos prejuízos...

Entro no quarto.

A carinhosa colcha de retalhos cobre a perninha da criança

ferida em caco de louça branca

de um prato que se partiu...

A colcha de retalhos que emendei,

como uma forma de me eximir

da tarefa de emendar palavras,

de remendar frases...

Como arte da alegria de,

com retalhos,

contar histórias,

alinhavar poesia...

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“Se queres ser feliz por um momento, vinga-te!

Se queres ser feliz sempre, perdoa!” ( Tertuliano)

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 26/09/2006
Código do texto: T250036