Fome...

Sinto fome e sede!

E, os meus olhos vagueiam

Por estéreis penumbras da existência.

Minha fome, não é esta que deteriora

Na natureza sombria.

Ela é feita da ilusão que não se pode alcançar

A realidade que se espera.

A fome e a sede dos homens...

É do gozo do ego no liquido prazer.

Essa fome já me matou aos poucos...

E a sede já secou minha fonte.

Mas, a minha fome me alimenta

Com o gosto de esperar pelo inusitado.

Minha sede reside nas gotas silenciosas

Do infinito conhecimento perdido.

Não se fez sede de desejos

Nem tampouco sacia o prazer

Como a sede do homem...

Que há tempos habita os desertos da alma

E sorve o ácido acético de verdades inventadas...

Tempestades incultas

Que é quase um insulto

Na eloqüência do verbo dito.

E esta fome que se alastra

Nos mais longínquos dos homens...

Tem a sede que seca os pensamentos

Por um frívolo momento.

Trocada amiúde, por um prazer efêmero.

Sinto fome pela miséria da humanidade...

Sinto sede pelo pó que enferruja as engrenagens

E, nos seca no ócio da ignorância.