SENTIR
O que sinto
Não pende da parede.
Não é quadro
Emoldurado
Nem se limita
À esquadria restrita
De imagens e metáforas.
O que sinto
É espiritual
E assume-se carnal
Fora do frio gélido
Da razão
Dentro dos sombrios limites
Da distância na sua imensidão.
O que sinto
Não se esvai
No fundo molhado de um trago
E perdura
No sonho de lábios
De que guardo o travo.
O que sinto
Vai com a vida
Invade os meus dias
E escuda-se no medo
Do incerto.
O que sinto
O que eu sinto
Mantém-me
No sonho
Desperto.