MEDO
Já faz um bom tempo
Que a minha palavra se calou
Acho que o sentimento
Me abandonou
Não tenho vontade de cantar
Nem de compor
Sem lágrimas para chorar
Vazia também de amor
Não faço mais planos
Nem tenho mais sonhos
Esses são os danos
Dos pensamentos tristonhos
Não existe mais luz em mim
Meu sorriso desbotou
E essa angústia sem fim
Em minha alma transbordou
Me tornei inimiga do espelho
Não gosto do que nele eu vejo
E nem adianta se iludir
Sem espelho a mulher deixa de existir
Dela, só resta uma sombra disforme
Que vaga despercebida
Carregando uma carência enorme
Pela ausência de vida
O início da vida
Só se baseia em alegria
Porque não tememos a morte
E acreditamos na sorte
Mas, ao clarear da consciência
Vai nublando a inocência
Surgem os temores
Na face, as marcas dos horrores
Não existe melhor idade
Glórias só cabem a juventude
É quando se perde a vaidade
Pra ter que cuidar da saúde
É preciso aceitar a verdade
O tempo é uma fatalidade
Mas só perdemos o medo de morrer
Quando nos cansamos de viver