A CANÇÃO DO VENTO
Mal poema o meu
Que fala em degredos
Em sonhos dispersos
Mal poema o meu
Que não canta vitória
Que festeja insucesso
Meu poema
Está suando frio
Gotejando em cada verso
Este imenso vazio
Em meu peito aberto
Ferida exposta
Imenso deserto
O apanhador no campo de centeio
Saiu a procura de um verso
Igual ao amante que busca no seio
De sua amada
Toda paz do universo
Tomou de sua lira a canção do vento
Roubando pólen para doar mel
A amada que foge não sabe o tempo
Que o poeta perde olhando o papel
Melancolia porque me visitas
Ah solidão
Porque me acompanhas
Oh deus
Porque versos tão tristes
Arre, que tristeza tamanha
Eu era alegre como um rio claro
Cascatas de sol
Em arco-íris
Sorria de um sorriso largo
Regozijado em brilho na tua íris
Por onde andará minha alegria
Aonde se escondeu o meu amor
Qual feiticeira vil
Qual nigromante
Em saudade a transformou
Mal poema o meu
Que nada diz
Dos meus castelos
Dos sonhos belos que sonhei
Das carícias plenas
Que imaginei contigo
Teus seios nus nos lábios meus
Olhos negros
Olhos negros
Porque me persegues
Se não percebes a imensidão
Desse impossível sentimento
Que instalou-se em meu coração.