Agarrado a sua cabeleira negra...

Agarrado a sua cabeleira negra,

Mais negra que a mais negra noite

Em sonhos desço às entranhas

Do interior mais profundo

Do imundo abismo abissal

E chego à beira de um rio

Caudaloso de águas barrentas

Onde bóiam milhares de cabeças

De seres que foram humanos

Um dia e que agora não são

Mais nada. Mas o que me intriga

O que me deixa perplexo é como:

Passei de sua cabeleira negra

Mais negra que a mais negra noite

A qual estava agarrado

Para esse rio caudaloso e barrento

Onde cabeças de seres humanos bóiam...

Um velho barqueiro aproxima-se por

Entre as milhares de cabeças

Afastando-as com os remos

E mais perto grita vociferando

Com uma voz tétrica e horripilante:-

Humano retira-te das profundezas

Para onde não fostes convidado

Respondo irado, com uma ira.

Que jamais pensei possuir:-

Se aqui estou é porque Àquele

Que é maior que eu e você

Assim o quer, deixa-me passar.

E seguir meu caminho em paz

Ou responderá Àquele que pode

E manda bem mais. Ele levantou

Os remos e de novo vociferou

Em minha direção. Vai cumpra-se

Em ti o que para ti esta predestinado

Sem olhar para traz parti

E por isso hoje estou aqui

Relatando a estória que vivi

Em sonhos nas profundezas abissais

Acreditar acredite quem quiser.

E for capaz. De não olhar para trás

Para não ver a noite negra que se aproxima

Enquanto os segundos vão passando. Tic tac tic tac

ABittar

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