Lendas
Eis que me vê velejando em areias desertas,
Tateando muralhas invisíveis nos olhos de sol.
Eis que num grito, um camaleão cruza seu rabo na perna.
Vejo lendas que dançam no subconsciente de estrelas,
São feras, femininas, são brutas, são preciosas,
São bestas, são masculinas, são diamantes.
Que em quimeras calmantes aliviam decepções
E rodopiam como dragão chinês, como o curupira,
Eles dançam num carnaval sem batuques, sem devaneios
Pra celebrar paixão de Colombina.
Ah, lendas, elas nascem nos olhos fantasiosos da gente,
Camuflam feito o camaleão arco-íris
E deitam nas areias da nossa mente.
Aí vou eu, capitão dessa miragem,
Navegador do deserto flutuante, dragão que cruza o céu,
Centauro que flecha estrela cadente que cai no mar.
Vou velejando em lendas camaleônicas,
Em doces luas cheias, rastejando num velho cetim,
Sou a lira triste da velha rainha...
(Rod. Arcádia)