JOANA

Mãos, o rosto, o corpo roto

Frios mármores prontos no seu dorso

Jaz a dor que sentes e antes procuravas.

E Joana, consigo, dizia:

- Dorme, dorme que passa.

Um labirinto... Um vetusto

São teus olhos,

Não aquele de amada

Não o de donzela mal amada.

O perigo que traz é este vazio

Desdém

De suas íris doloridas.

Pois, elas sobrelevam imóvel o mundo.

E para Joana o mais brutal,

Ainda, não é a dor do coração

Nem a prisão dos condenados

Do seu corpo inteiro.

É mesmo a flor amassada do seu natal.

E Joana, ainda consigo, dizia:

_ Dorme, dorme que passa.

Não há mais o afago de mão nenhuma

E a noite se distancia

Como o presente que se vai há segundos.

E Joana não sente mais a lua

Persegui-la

Como nos tempos de criança.

E a dor crescendo

E o amor se tangenciando.

Tudo, tudo no mundo é pouco

E dormir já não é mais a solução.

“_ Dorme, dorme que passa.”

Ivan Marcel
Enviado por Ivan Marcel em 16/09/2006
Código do texto: T241910