CENA VISTA DA PONTE DO IMPERADOR
Abandonarei as garças
E as musicais ondas do Rio Sergipe
Deixarei o sol da minha terra
Antevejo meus versos
Na torre da catedral
E nas praças cansadas e noturnas
Em cujos bancos mulheres sem donos
E homens em múmias femininas transformados
Esperam o amor ao apontar
A lua
Olhando a Ponte do Imperador
Deixarei versos chorando nas marés
Do Bairro Industrial
Minha poesia enfim sozinha
Andará na noite
Pelos becos proibidos
Poesia de olheiras
Poesia saudosa de outros quilômetros
Poesia calada
De boca fechada
Guardando beijos
Sempre para depois
***
Elevando-se bem acima da bela paisagem sergipana, a poesia de SARA GONÇALVES:
Depois daquela cena
A maré serena
Silenciou
Ao meu desencanto
Sobre o canto
Do desamor
Entre as ruas frias
A beleza vadia
Propagou
Como meretriz
Sendo aprendizDa dor
Nos cantos da cidade
Onde existirem bares
Os carros as tomarão
Por um trocado
Mesmo abusado
Comprar o pão.