MEU RODOPIAR
Ventania em espiral
aspira o espaço
Degraus esculpidos
fadigam os passos
As ondas nas lágrimas
tem maestria solene
na face que desnuda
o amanhã perene
Cuspida, a lava
aquece a areia,
do outro lado da cortina
um palhaço chora sua teia
Enquanto a pedra no caminho
protege a flor de maracujá,
na lareira existe reverencia
a labareda alta do altar
Faz frio na cabana de palha.
O pescador recolhe sua rede
percebe falha no trançado
o peixe escapou
a fome tem sede
A flecha quebrada
não alcança o alvo
está ferida sem ferir
deixou a vítima a salvo.
Silenciosa, a água do córrego
segue criando lodo sobre as pedras
que auxiliam na atravessia
de trilhas lerdas.
O canto das cigarras
nina a boneca da menina
e sem direção, passos
distanciam-se da soleira
num adeus a Nina
A mão ofertante é ferida
com corte de luta.
O braço quebra as nozes
alimenta a cabeça a vida muda.
O fio de cabelo na boca
tem gosto de saudade
O pensamento voa
a boca silencia
a imaginação cria.
Uma avalanche de pedras
caem sobre o solo e o fere.
gritos enterram a dor
Sepultam clamores em série.
A vigília nos olhos
o tremor do corpo
o ardor do desejo
mastigam a paixão
brincam de cortejo
A sede de amar
o não permitido
é fome não saciada.
é desnutrição afligida
No campo a lebre corre
enquanto o leme tremula
invadindo o mar valente
Rodopio nos rumos
Marcando novas metas
Novos vencimentos
Novos momentos
Gira mundo!
Jair Martins
14/11/08 - 19h25