A VIDA
ela passa pela janela
e nós a vemos no espelho.
brinca conosco
como se fôssemos a todo o tempo
o seu bichinho de pano.
ela passa no espelho
e nós brincamos com ela,
enquanto o espelho reflete
o nosso repuxado dos olhos
e o retorcido do rosto.
cumprindo o seu roteiro de vilania
ela se esvai com o tempo
e nos estende a mão,
ofertando um convite,
que por imperioso,
se impõe como irrecusável;
e ela se vai,
passando por nós,
num caminho que não tem volta.