CAIPORA O ESPÍRITO DA MATA

CAIPORA O ESPÍRITO DA MATA

Ir pra mata buscar lenha

Não se pode esquecer

De levar sal grosso e fumo

Pro mato que nos embrenha.

Caipora pede para levar

Não leva, não pode entrar

Fulorzinha faz desdém

Todos se perdem no mato

Sem os presentes do trato

De lá não volta ninguém.

Era assim que a criançada

Aprendia com seus pais

Permissão pra ir pro mato

Apanhar lenha ou caçada.

Todos tinham que pedir

Pra fulorzinha permitir

E com muita fé rezar

Para o portal se abrir

Os maus espíritos sumir

Na escura nata adentrar.

Caipora e fulorzinha

São a mesma identidade

Menina quando em criança

Foi pra mata com a vizinha.

Não pôde trazer a lenha

Perdeu-se naquela brenha

Por não pedir permissão

Vestida por seus cabelos

Sal e fumo são os zelos

Pra não ter assombração.

Na boca da mata virgem

Mulher não convém entrar

Caipora é brava, rabugenta

Faz mulher sentir vertigem.

Boca da mata estridente

Vigiada por serpente

Que fica à noite a silvar

Meninas que se atrevem

Nas brenhas elas se inserem

E não poderão voltar.

Rio, 17/07/2010

Feitosa dos Santos