LÁGRIMAS DE ORVALHO

Da vida não adianta

Reclamar o que passou

É tempo perdido, falha de cálculo

Acidente de percurso

Mal feita conta

São passadas águas

E não movem mais moinhos

Crie asas

Pinte nos olhos a primavera

Abra os braços para o mar

Beba do sol o dourado

Da lua o prateado

Da palmeira o verde

E a pose altaneira

Enfeite os cabelos

Com pedacinhos de estrelas

Abrace

Beije

E ame

Cante uma canção de saudade

Faça do sonho verdade

Tome uma taça de vinho

Ache tudo natural

Se disserem ser loucura

Nem se incomode

Loucos todos somos

Entre arroubos e assomos

Se a vida rouba você

E depois some

Nós a roubamos também

Dançando aqui e agora

Pois não dançaremos no além

Tome um drink de amizade

De paixão tome só dois

Faça só que é bom

Deixe o ruim pra depois

Sente na grama e chore

Lágrimas de orvalho

Abrace-se à madrugada

E ouça o silêncio

Anunciando a alvorada

E quando o dia amanhecer

Comece tudo outra vez

Não queira saber do futuro

Pois que ele é um vira-folha

Caminhe pelo mundo inteiro

Caminhe até o pé formar bolha

A filosofia é coisa vã

A ciência é coisa tola

E quando a morte passear

Se esconda

O mais que puder se esconder

E entre ela e a vida

Escolha mesmo viver

Não temos escolha

É certo

Tudo isto vai passar

De onde a gente veio

É pra lá que vai voltar

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