II
havia seguido sozinho
porque o sol que ascendia a minha direita
ofuscava todo olhar que eu dirigia.
mudei o rumor das árvores
acalentando sombra
frescor que lavasse minha alma de todo pesadelo.
segui a esquerda imaginando que no horizonte
eu fosse topar com os meus sonhos.
os pés cansavam a cada passo,
mas eu tinha esperança.
para distrair decidi encarar as nuvens,
seu movimento delicado
contrastava com o tremor que eu não conseguia conter;
um amigo me havia dito que nesta horas
se orasse com fervor todo este desespero se dissiparia;
eu orava com um dos olhos abertos para ver se algo acontecia.
não acreditava por inteiro
tinha fé na poeira que cobria o caminho
e soterrava os viajantes.
enquanto caminhava
os costas deixavam o peso do sol para trás,
esquecia.
era convidado pela noite a me entregar
nisso eu tinha fé
largava o corpo a seguir o caminho que quisesse,
não tinha mais olhos
não sentia que o fim chegava
mas ele estava lá aguardando o meu abraço,
isso eu sabia
porque é sempre com um abraço que o fim se inicia.