CONCERTINA

Ouve-se no final da longa e estreita rua

O lamento da concertina

Passos em saltos tropeçam

Engancham-se entre os paralelepípedos

De pés no chão feridos

Ela continua descendo a rua

Hipnotizada

Olhos de morta viva

Parados e fitos

Em um ponto no infinito

A concertina resfolega

Solta um gemido

Quase um grito

O vermelho vestido se empina

As pernas trôpegas

Cai a mulher menina

Os olhos são dois rubis

As retinas

Dois brilhantes

Na boca sonhos de esmeralda e turmalina

No fim da ruela

Cala a concertina