PAUSAS

Eu paro, eu respiro, eu suspiro

Eu piro, porque eu queria fazer mais

Mais do que posso ser, perceber, entender

E o que faço nem disfarço não me satisfaz

Eu busco o perfeito, e me ajeito, no meu leito

Nem durmo direito, eu busco o teu peito

Porque não entendo o que eu queria entender mas,

É sempre assim, uma busca sem fim

Da perfeição na lição dessa vida sofrida

Que me carrega, nessa doce entrega de não saber

O que eu queria saber um pouco mais

Nas pausas me entretenho, escrevo, percebo

O que sou, não sou poetisa, apenas versejo

Loucuras, pinturas, figuras do meu dia a dia

E do passado que penso ser agora, mas não, não é mais

Saudades, lembranças, andanças, distância

Pra só recordar, pro papel passar o que eu via, sentia

Que repercutia na minha vidinha de pobre poeta

Recluso nos versos repletos, incertos do que já não sei

Se é, se era, se foi, se será, quiçá, quem me dera

Romper a aurora, nas pausas propostas

Buscando respostas opostas ao que gostaria

Que fossem verdades, mas são raridades

Mentiras venosas de sonho e de mó

Aqui estou eu só, nas pausas

Do dia, do trampo, do malho

Em que me atrapalho, serviço encalho

Só para escrever estas linhas de dó

A dor do percurso, da vida, do pulso

Que pelo menos me deixa este recurso

De ser pequena, bem pequenininha

Poetisa, nos entremeios, nas pausas,

Que rasga as poucas palavras

Que nem fosse um fino filó

JANA CRAVO
Enviado por JANA CRAVO em 06/07/2010
Reeditado em 06/07/2010
Código do texto: T2361926
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